No âmbito da Unidade
Curricular Língua Portuguesa e Tecnologia da Informação e Comunicação,
lecionada pelo professor Tiago Falcoeiras e pela professora Maria Rosário
Rodrigues foi-nos pedido que respondêssemos à seguinte questão: A integração
das TIC no processo de ensino-aprendizagem: uma opção ou uma necessidade?
Na nossa opinião,
Adriana Pereira e Rita Pinho, a integração das TIC no processo de
ensino-aprendizagem é uma opção, mas comecemos por explicitar o que são as TIC.
De acordo com Miranda (2007, p.43) “o termo Tecnologias da Informação e da Comunicação refere-se à conjugação
da tecnologia computacional ou informática com a tecnologia das
telecomunicações e tem na Internet e mais particularmente na World Wide
Web (WWW) a sua mais forte expressão. Quando estas tecnologias são
usadas para fins educativos, nomeadamente, para apoiar e melhorar a
aprendizagem dos alunos e desenvolver ambientes de aprendizagem, podemos
considerar as TIC como
um subdomínio da Tecnologia Educativa”. Achamos que a sua utilização é uma
opção, contudo não a excluímos, pois conseguimos perceber as vantagens que esta
tem, porém, não achamos que no processo de ensino-aprendizagem estas sejam o
ponto fulcral para o seu sucesso.
Como refere João Paz
(2008) num texto relativo a este tema “verificam-se muitas vezes atitudes de
resistência à sua utilização entre os mais velhos”, contudo não concordamos que
este seja um dos aspetos principais para a sua não utilização plena por parte
dos docentes, pois temos idades compreendidas entre os vinte e os vinte e três
anos e, por isso, já crescemos num ambiente onde as tecnologias têm um papel de
destaque e não vemos as TIC como um elemento necessário neste processo. Somos
da opinião que o saber escrever num papel com lápis e caneta, ou seja o
desenvolvimento da motricidade fina, não deve ser substituído como consequência
da utilização em excesso dos teclados, que se não travarmos o seu uso, é o que
acaba por acontecer. É certo que as novas tecnologias cativam os alunos, pois
fazem parte da sua realidade mas tal como diz o autor mencionado acima: “entre
esta geração é mais frequente o entusiasmo, por vezes incondicional, pelas
virtudes das novas tecnologias. Mas (…) Há "velhas" competências que
fazem muita falta e que a facilidade de acesso à informação (Internet) não
substitui, como a capacidade de interpretar, e refletir sobre, a informação.”
Conseguimos perceber que podem trazer muitas virtudes neste processo, mas se o
seu uso não for bem direcionado “os perigos da sua utilização menos cuidada são
grandes”. O mesmo diz Fernanda Botelho (Educação, 14-07-2005): “Por outro lado,
todos os avanços e desenvolvimentos científicos e tecnológicos constituem
mudanças significativas na sociedade, trazendo consigo aspetos positivos e
negativos”. Ainda a pensar na utilização do lápis e da caneta, partilhamos a
mesma opinião que a autora e tememos que voltemos a ser um país de analfabetos,
não por não sabermos ler e escrever, mas por não sabermos escrever “à mão” e só
dominarmos “a arte” de teclar para formar palavra, ou seja, se o uso da
tecnologia em contexto escolar for levado ao extremo esta competência vai ser
perdida. “O desenvolvimento da linguagem escrita e a sua expansão não assumiu,
contudo, um carácter de universalidade. Com efeito, das cinco a seis mil
línguas faladas no mundo, apenas algumas centenas possuem representação escrita
e, de acordo com dados recentes, o analfabetismo abrange, ainda hoje, mais de
800 milhões de pessoas. Uma assinalável percentagem da Humanidade continua
privada deste poderoso meio de desenvolvimento”. (www.setubalnarede.pt, 09-08-2005)
O uso das tecnologias
não permite o contacto pessoal entre as crianças, pois restringem-se a um ecrã
e esse passa a ser o seu mundo e as relações afetivas não são verdadeiramente
desenvolvidas, pois um “emoji” não retrata os verdadeiros sentimentos de quem
está “do outro lado” e o contacto físico não é possível desta forma. No ensino
básico, os afetos devem ter um papel de extrema importância. Tal como António
Dias de Figueiredo (2000) gostaríamos que “a construção dos seus saberes se
transforme em atividades sociais” e apesar do autor nos dizer que “cada vez
mais jovens e adultos exigem variedade de canais de aprendizagem, num sistema
de elevada escolha”, nós achamos que esta questão não se vê resolvida com o uso
das TIC. Figueiredo diz ainda que devido a várias exigências “as escolas
tradicionais estão mal equipadas para fazer face a este desafio”, afirmação com
a qual nós não concordamos, porque cada vez mais podemos observar, nas escolas,
vários recursos tecnológicos, como computadores, projetores, quadros
interativos, entre outros, que permitem satisfazer as necessidades dos alunos,
neste aspeto, e que achamos serem as necessárias, pois existem muitas dinâmicas
que podem ser feitas em sala de aula sem recorrer a materiais tecnológicos e
que desenvolvem nos alunos variadíssimas competências que não seriam atingidas
com tanto sucesso com o uso das tecnologias.
Em suma, achamos que o
uso das TIC não são uma necessidade mas sim uma opção por parte dos professores
e consequentemente por parte dos alunos, pois acreditamos que para cativar uma
turma não precisamos de ter as TIC como um recurso de revolução positiva,
contudo não desvalorizamos as suas vantagens e não concordamos que devam ser
excluídas. João Paz (2008) refere que “tal como a utilização das novas
tecnologias não faz bons professores, também a sua não utilização não faz deles
maus professores. As novas tecnologias não são a pedra filosofal para o sucesso
educativo” e é esta a nossa opinião em relação ao tema em questão.